Contabilidade Estratégica e Reforma Tributária: tudo o que você precisa saber para não ficar no prejuízo

Uns dos principais pontos de atenção nas empresas e que muitas vezes os gestores acabam não tratando com a devida relevância são as áreas contábil e fiscal. Com a Reforma Tributária, proposta pelo Governo, este tema está no foco dos empresários que querem preservar os resultados dos seus negócios. 

Para falar sobre esse complexo e importante assunto, entrevistamos Jonas Spies, empresário contábil  e especialista em empresas de Segurança Eletrônica e Patrimonial. A conversa abaixo, apresenta com detalhes a área tributária e os possíveis gatilhos e pontos que os empresários devem estar atentos para estarem mais competitivos no mercado. 

Como a integração da contabilidade com um sistema de gestão pode trazer benefícios para as empresas e seus gestores?

Jonas Spies: A integração dos dados da contabilidade com o sistema de gestão, também conhecido como ERP, é muito importante pelo fato do gestor contar informações confiáveis adicionais para tomar decisões.  

O ERP traz informações das operações gerenciais, como contas a pagar e receber, dados que são tratados pelo regime de caixa e que mostram o que realmente está impactando no negócio. Por isso, a importância de alimentar muito bem a base do sistema para que ele apresente dados em relatórios que vão ajudar o empresário a estar mais consciente das suas decisões.  

Além disso, se esse alinhamento existir no software de gestão do cliente e a empresa possuir a assessoria de um escritório contábil especializado no segmento de segurança, o empresário pode se beneficiar da tecnologia para criar uma API – de uma maneira menos técnica, um “de: para” que extrai informações financeiras, entradas e saídas e outros números da rotina, para o sistema da contabilidade. E através da contabilidade, são gerados relatórios, dashboards e gráficos que apresentam um panorama da empresa: dados gerenciais, indicadores, principais dores, curva ABC do que é mais relevante naquele momento.  

A contabilidade, podendo extrair essas informações, também pode fazer uma análise vertical e horizontal do que é melhor para a empresa.

Ou seja, a tecnologia valida a intuição que é nativa de todo empreendedor que está conectado com o seu negócio e ele, se torna cada vez mais exato, preciso, clínico e vencedor.  

 

Qual é a melhor tributação/sistema tributário para empresas de segurança eletrônica? Vale a pena abrir vários CNPJ’s pra desmembrar ou diminuir a alíquota do Simples Nacional?

Jonas Spies: Para saber a melhor tributação em uma empresa de segurança eletrônica, ou melhor, em qualquer empresa no Brasil, o ideal é fazer um planejamento tributário. E o que é um planejamento tributário? Como a palavra já diz: planejar.  

O planejar com eficiência é resgatar os últimos dois anos, ver a composição do crescimento de um ano pra outro e a mesma variável de crescimento dos dois últimos anos, projetar um, dois anos à frente em termos de faturamento, despesas, mão de obra, custos fixos, impostos, entre outras coisas.

Com isso, também, cabe uma conversa com o gestor/empresário, por que fora essa variável de crescimento que o negócio tem organicamente, pode haver algo que já está no planejamento estratégico do gestor. Por exemplo: adquirir uma carteira de clientes – isso implica em uma desruptura, um aumento exponencial da empresa.  

O profissional de contabilidade que está a frente deste projeto, precisa ter essa conversa com o empresário para não errar no planejamento, pois ele trará com exatidão qual é a melhor tributação: se é Simples Nacional, Lucro Presumido ou Lucro Real. Essa análise também pode ser feita por CNPJ, por empresa e também juntando empresas ou separando.  

Também é preciso ter cuidado ao abrir vários CNPJ’s para desmembrar a alíquota do Simples e pagar menos impostos. As empresas, muitas vezes, acabam caracterizando grupo econômico. E o que quer dizer isso? Em primeira mão é um prato cheio para a Receita Federal que caracteriza um grupo econômico quando várias empresas: 

  • estão no mesmo endereço e/ou 
  • os funcionários estão usando o mesmo uniforme e trabalhando em várias empresas e/ou 
  • os funcionários estão usando o mesmo telefone e/ou 
  • as empresas estão pagando conta uma pra outra e/ou 
  • estão fazendo triangulações entre uma e outra,  
  • entre vários outros itens que caracterizam um grupo econômico. 

Quando há a caracterização como grupo econômico, a primeira coisa que acontece é perder o Simples Nacional e a empresa ser intimada a recolher os últimos cinco anos com uma alíquota maior que normalmente é do Lucro Presumido.  

Em alguns casos, ela pode ser impedida de optar pelo Simples por 10 anos! Ou seja, o planejamento tributário deve ser muito bem feito e por um profissional especializado para que a empresa não corra esse tipo de risco. 

As empresas em geral precisam se preocupar com a Reforma Tributária?

Jonas Spies: Com certeza sim. Já se discute há alguns anos uma simplificação na legislação tributária que é muito complexa. No fim do ano de 2023 foi aprovada a Reforma Tributária depois de ir e voltar algumas vezes para o Senado e para Câmara. Essa votação tem um escopo de uma transição tributária que vai se postergar até 2033.

Com isso, criou-se o Imposto IVA que está subdividido entre o IBS (Imposto de Bens e Serviços) que são os impostos municipais e estaduais, e o CBS (Contribuição de Bens e Serviços) que são os impostos federais, sendo que o primeiro substitui o ICMS e o ISS e o segundo substitui o PIS, COFINS e IPI.  

Contudo, não se tem ainda as alíquotas do IVA, que são relativas ao IBS e ao CBS, sendo que nessa transição, elas serão definidas por medida provisória entre os anos de 2024 e 2025. O Governo Federal irá estipular estas alíquotas e os estados e municípios também, mas já se supõe um aumento geral nas empresas de serviços.  

Isso pode chegar a uma alíquota em torno de 27,5%, sendo esta maior do que o sistema tributário do Simples Nacional, Lucro Presumido e Lucro Real. Teremos um sistema não cumulativo, sendo um de débito – pagamento de uma alíquota na saída –  e crédito – pagamento nas entradas. Toda a cadeia terá esse mesmo raciocínio, de débitos e créditos.  

O empresário tem conhecer sua margem de lucro, sua precificação, como ele vai se movimentar com seus fornecedores, clientes…

Por isso, há uma seriedade profunda de saber o que vai acontecer nessa Reforma Tributária, pois o impacto de transição já vai começar a acontecer a partir de agora, algumas definições já em 2024. 

Existe um esforço político que vai definir as alíquotas por segmento e irão impactar negativa ou positivamente cada um.

Então, empresário, a preocupação é começar a entender o custo tributário que impacta hoje no seu negócio e o que ele vai impactar depois.  

 

Que conselho você daria para um gestor de empresa de segurança?

Jonas Spies: Diria sobre a importância dele contar com um especialista, um profissional que entende o negócio e que tem vontade de crescer assim como ele.

É como um “cardiologista tributário”, que entenda as dores, as preocupações e as ambições dos gestores.

Por isso, aconselho que os empresários procurem profissionais que entendam da saúde do seu negócio, pois se ele procurar um “clínico geral” nesse momento tão complexo, com todas essas mudanças de legislação tributária e numa necessidade competitiva do negócio de Segurança Eletrônica, acabará tendo dificuldades e tomando decisões erradas.

Afinal, com uma legislação tão complicada que muitas vezes é o coração do negócio, que são informações contábeis e tributárias, pode sim estar dando informações que vão causar um sofrimento. O importante é dar um pontapé certeiro.

 

Sobre o entrevistado
Jonas Spies
Empresário e consultor de empresas com grande experiência em contabilidade, gestão e finanças. Fundador e CEO da OnLine Contabilidade e sócio-diretor da Taille Consultoria Financeira e Tributária.

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